sábado, março 11, 2006

Foxy Viagens - Itália (II)

Vocês sabem uma coisa ... eu às vezes sinto que não tenho sorte nenhuma, são tantos os azares e desilusões que me acompanham que nem sei em que buraco me esconder. Mas depois penso que se não fossem estes pequenos grandes infortúnios se calhar não teria assim tantas aventuras, e apesar de safar-me de algumas delas um dia poderei não ter essa sorte. E estou sempre a levantar a cabeça e seguir em frente.

Antes de prosseguir, não foi no ano de 2000 como tinha dito, mas sim em 2001. Era o mês de Abril e corria o dia 6.

Consciente que estava tudo perdido dirijo-me apressadamente ao guichet da portugália no aeroporto, aonde já não estava ninguém e pergunto à rapariga que lá estava sentada se ainda ía a tempo de entrar no avião das 15h30 para Lisboa. Adivinhando já a resposta, era a última tentativa desesperada em encontrar uma esperança em chegar a Lisboa a tempo e horas. De facto já passavam uns minutos da hora de partida, estava numa fila que não era fila, pois não havia pessoas para fazer fila como é óbvio e como que a cair do céu, num relâmpago, vem a resposta da rapariga, "O bilhete se faz favor. Não traz bagagem, pois não?" Atónito, perguntei ainda, "É o avião das 15h30 para Lisboa?". "Sim", respondeu ela, e continuou ... "Está atrasado 15 minutos. Ainda vai a tempo de entrar. Tem é de se apressar." Nem podia acreditar, o raio do taxista conseguiu-me colocar cá a tempo e lá fui eu em mais uma corrida para o avião. Só não ia beber o tal café, mas que não fazia questão nenhuma.

Acreditem, esta foi por pouco, e foi a primeira das várias corridas que já fiz até hoje para entrar num avião.

Entrei no avião, aonde me colocaram num lugar da primeira fila, daqueles que há muito espaço (os únicos de alguns aviões) para esticar as pernas. Sentei-me, descansei da louca correria e só conseguia pensar se era mesmo verdade e que estava mesmo a caminho. Provavelmente belisquei-me. Entretanto, acabado de entrar no avião, um passageiro desconhecido para muitos, mas que para mim foi uma excelente surpresa. Foi um tipo que comecei a admirar à pouco tempo, pois ele antes era um gajo um bocado pró tosco e fingia que sabia dar uns pontapés na bola, até que num ano aprendeu uma data de coisas e foi contratado para jogar em Itália, em Nápoles. De seu nome Luis Vidigal, ex-jogador do meu clube, tinha acabado de vir de uma consulta na Alemanha, com a perna engessada por causa de uma rotura de ligamentos e sentou-se ao meu lado. Nem podia acreditar, beliscar-me provavelmente não seria a melhor hipótese, ainda me aleijava a sério com tantos os beliscões que teria de fazer. E lá partiu o avião em direcção a Lisboa. Apressadamente, organizei os documentos da reunião que tinha tido para os entregar, fechei a pasta e é claro, meti conversa com o meu companheiro de viagem. Perguntei se tudo estava a correr bem, e tal, ... falamos de futebol e dos clubes e foi uma conversa agradável. Até que lhe disse que chegando a Lisboa estava de partida para Roma, e como não conhecia nada de Itália, pedi-lhe algumas dicas para poder orientar-me em Itália. Expliquei-lhe o que pensava fazer e ele lá foi dizendo para visitar Génova, Veneza, Florença (aonde ele tinha estado à uns dias atrás na casa do Nuno [Nuno Gomes]) e principalmente Nápoles, aonde poderia visitar o Vesúvio e a ilha de Capri. Tomei as todas as notas e agradeci-lhe imenso. Chegando a Lisboa despedi-me desejando-lhe as melhoras e boa sorte para a carreira dele, esperando-o ver no Sporting um dia qualquer.

De novo em correria para a Optimus para voltar novamente ao aeroporto. Faltavam uns minutos para as 17h. Nesta altura as coisas até correram bem, foi tudo muito rápido, táxi, Optimus, táxi, aeroporto e uns 30 minutos antes das 18h estava a fazer o check-in e a entrar para a zona de embarque. Finalmente descanso, com a maior sensação de ter conseguido terminar uma louca maratona em primeiro lugar, incrível. E lá fui eu em direcção a Roma, como destino, mas completamente às escuras como expliquei antes. Nem queria saber, depois se via.

As viagens de avião são das viagens mais gostosas de fazer, é tão bom andar de avião. A sensação de levantar vôo e sentir a potência de passar dos 0 aos 300km/h em menos de 10 segundos, a sensação de deixar terra e elevar-nos no ar, é fantástica.

2 horas depois, chegava a Roma. Agora, sim, perdido sem sitio para ir, nem ninguém conhecido à espera, nem nada. Felizmente a mala chegou em ordem e sem problemas. Ia começar a minha aventura. Já passavam das 21h. Chovia torrencialmente. Estava no aeroporto de Fiumicino e sabia que tinha de apanhar o combóio para Roma, pois o aeroporto não é mesmo na capital. Troquei o dinheiro que tinha, na altura de Escudos para Liras e lá fui eu, chegando à estação central de Roma, deparo-me com o meu primeiro dilema. Sair no meio daquela chuva e procurar sitio para ficar ou fazer o quê? Era impossivel sair naquele momento, e o único abrigo que tinha era mesmo a estação central. Para perceberem como chovia, era tanta a intensidade que nessa altura em Roma decorriam 10 minutos de um jogo de futebol, que teve que ser interrompido porque a bola não saltava.
O que fazia? Esperava? Saía? Arriscava o quê?

3 Comments:

Blogger Rui Machado said...

Sim senhor, bela crónica...especialmente a primeira parte!!!
Em que não tens sorte nenhuma...onde é que já ouviste....isso!!!
Claro, que depois das coisas que te acontecem...pensas:" Se comigo foi assim, então se fosse ao Rui nem sei o que lhe teria acontecido!!! " ;)

12 março, 2006 23:55  
Anonymous Anónimo said...

Interessante... muito interessante.
Tens que pensar que afinal não tens assim tanto azar, porque no meio daquela confunsão toda, ainda conseguiste conhecer uma pessoa que agora admiras e falar de futebol com quem realmente percebe da coisa.
No entanto, essa de tu e o Rui andarem a dizer que são pessoas azaradas, deixa-me apreensiva, pois a minha vida depois de vos conhecer nunca mais foi a mesma, será que são voçês que me dão azar???

13 março, 2006 10:53  
Blogger Unknown said...

Bárbara...não me digas que ainda tens dúvidas...é claro que assim nunca mais iremos ganhar o Euromilhões...Eu bem tento me esquecer de que são meus amigos, mas depois, existem imagens que não me saem da cabeça (a mais recente é de um famoso policia alentejano...) mas isso agora não interessa nada...Ó xôr Nelson continue, continue que o povo está a gostar :)

14 março, 2006 14:55  

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