quarta-feira, janeiro 17, 2007

Foxy-Cine "Babel"

Não sei se gostei ou não.
O filme é interessante, do ponto de vista de procurar perceber o que o realizador, Alejandro Iñarritu, tentou passar com esta história (ou conjunto de histórias).
Babel (não sei se este nome está bem escolhido, pelo significado bíblico que tem), para mim fala de como o ser humano pode tomar decisões que envolvem ele próprio ou outros da sua responsabilidade em condições bastante extremas. A intensidade dramática deste filme vai aumentado ao longo da história através do acumular de várias situações, que vividas pelos personagens são de facto de fazer doer corações, e não são de modo algum para sentimentos mais sensíveis. Gostei de facto da forma como Iñarritu construíu este intenso drama, mas depois como que dizendo que afinal nada disto aconteceu e está tudo bem e ninguém saíu mal, criou um twist final que se fosse eu nunca pensaria assim. Foi como, por um lado ter deixado margem para pensar no que seria se algo tivesse mesmo acontecido, mas por outro ficamos sem o facto de concretizar o final da história. Para mim é um filme sem final, ou uma história que nos contam e depois não a finalizam.
Há um momento que não posso deixar de falar, que é quando o Richard resolve "pagar" a ajuda do seu amigo Anwar, e ele não aceita qualquer dinheiro. É um momento que define muita coisa, e são destes momentos que sentimos que vale a pena viver nesta vida.

Gostei muito, foi da música que acompanha o filme. Gustavo Santaollala, o mesmo de Brokeback Mountain (onde ganhou o óscar) e de North Country (onde também já tinha gostado da sua OST, como se pode ler na minha opinião sobre este filme), voltou a ser em determinados brilhante com a sua guitarra espanhola. O final do filme é, apesar de tudo, um excelente momento de interiorização acompanhado pelo som da guitarra, e que se prolonga até fim da ficha técnica.

Quando vi o filme, veio-me à memória a minha viagem pelo Atlas. Atravessei aqueles locais bastante iguais, isolados nas montanhas e que são mostrados no filme, passei por aquelas aldeias de barro, revi as vistas que alcançam o fim do continente, senti os mesmos olhares das gentes que vêm ter connosco e a quererem ajudar sem pedir-mos, e toda aquele ambiente de fim de mundo, fez-me lembrar que já me senti um pequeno grão do deserto no meio deste mundo.


Citações:
Yussef: I killed the American, I was the only one who shot at you. They did nothing... nothing. Kill me, but save my brother, he did nothing... nothing. Save my brother... he did nothing.

1 Comments:

Blogger Noquinhas said...

Tenho muita curiosidade em ver o Babel por aquilo que vi na apresentação.
Deste realizador ainda só vi o 21 gramas e adorei a história, mas já comprei o amor cão para não perder pitada deste realizador.

Jinhos

18 janeiro, 2007 11:25  

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