domingo, junho 25, 2006

Foxy Viagens - Itália (VIII Roma)

(continuação de Itália VII ...)

Acordei cedo, um cheiro a maresia pairava no quarto daquele modesto hotel Napolitano. Um quarto com janela que dava para o mar mediterrâneo, mas que só se viam os mastros dos barcos atracados, todos espalhados numa imensa área de docas ou estaleiro naval. Foi uma visão gira logo pela manhã. Sabia que tinha um combóio por volta do meio-dia e sabia também que já não havia greve alguma que me pudesse atrapalhar os planos. Saí cedo para ainda dar uma volta em Nápoles, e certificar-me que de facto esta cidade é uma grande confusão, a contrastar com as cidades que encontrei na toscânia. Então, a caminho de Roma, à saída de Nápoles, é ver o Vesúvio a ficar para trás. Tive pena de não o visitar, espero ter outra oportunidade, porque aquela montanha mete mesmo muito respeitinho. Permaneço novamente junto à janela para contemplar a beleza daquele passeio de combóio sempre junto à costa Italiana, com o mar de um lado e falésias do outro lado da linha.

Este dia era uma sexta-feira, Sexta-Feira Santa. Fazia uma semana que chegava a Roma. Uma semana depois, voltava a Roma. Estava sem compromisso nenhum, e também não tinha nada marcado como possível hospedagem. Já tinha tentado procurar algo logo no primeiro dia e não tive sorte. Ainda para mais, era bem possível que haveria muito mais gente (turístas) em Roma que na semana anterior, logo os hoteis mais lotados. Mas queria ir a Roma e ver a Via Sacra no Coliseu.

Não me preocupei muito, haveria de se encontrar uma solução.
Ao chegar ao ponto de partida inicial, isto é, a Stazione Termini de Roma, deu-me um daqueles sentimentos de "Dejá Vu". Lá estava eu, mochila às costas, e um mapa na mão, a procurar por qual das portas laterais iria sair. Em frente estava o café de onde tinha tido o meu primeiro "Qui pró quó" com a lingua italiana, e lá estava também a empregada que me atendeu da primeira vez. Decidi ir novamente ao café e acabei por comer uma Foccacia, era o meu almoço nesse dia.
Saí do café e procurei por alguma "mensagem" que me indicasse o que fazer. Não havia muitos guichets aonde pudesse ir e perguntar por hospedagem. Estava indecisivo se devia sair pela porta lateral esquerda ou direita. Olhava para o mapa para procurar uma estratégia, se ia por um caminho e voltava para outro ou como deveria começar a procura. Enquanto isto, um sujeito com ar de marroquino, apercebendo-se da minha situação (indeciso e turista) aborda-me num inglês mal falado e com um sotaque não que parecia ser de um italiano. Pergunta-me numa voz crepitante, "Turist, need hostel?" ... eu com esta abordagem, confesso que fiquei com um bocado de medo. Disse-lhe que não, que não estava interessado. Ele voltou a insistir, e a dizer que era de confiança, apercebendo-se do meu "pânico". Voltou a dizer que conhecia um hostel barato e que me levava lá. Era a 5 minutos da estação e havia quartos disponíveis. Isto tudo num inglês macarrónico. Não sei o que me deu e sem pensar muito, acabei por aceder e segui-lo até ao hostel. Continuava a dizer para não ter medo, e à medida que iamos caminhando ia fazendo várias perguntas, tipo de onde era, o que fazia ali, como me chamava ... e tal. Ia respondendo só aquilo que interessava sem dar bandeira e nas perguntas que não queria responder mudava de assunto, procurando não lhe dar muita conversa. Passado um bocado ele diz-me ... "É ali, ... Astérix Hostel". Astérix, só me faltava esta ... um hostel que se chama Astérix. A porta que dava acesso ao Astérix, era uma porta grande para um corredor escuro e sem luz. Aqui ainda me assustei mais, e perguntei-lhe ainda antes de entrar na porta se era mesmo aqui. E ainda pensei não perguntar nada e bazar dali sem mais nem menos .... mas lá continuava ele ... "do not worry", "it's a nice hostel, come" ... acabei por entrar e seguir pelo corredor. Depois tinha que subir umas escada de madeira, que rangiam por todo o lado e continuava a não ter nenhuma luz. O tipo seguia em frente. Ao 2º piso, ele pára e toca a um das portas. Vem atender uma gaja ruiva, com ar bastante simpático e ele me apresenta como um novo "guest". Ela dá-lhe uma gorgeta e ele despede-se de nós com um "Ciao". Acabei por entrar e verificar que de facto aquilo era um sitio de acolhimento, apesar de não muito acolhedor. Ela então explicou-me, que o apartamento era dela que com mais uma amiga Americana (ela era Irlandesa) tinham tornado aquele local como uma casa de acolhimento a pessoal que viajava, e que naqueles quartos, salas, estavam cheios de pessoal a viajar.

Hoje em dia estes apartamentos são conhecidos como LOFT's e têm-se criados imensos por essa europa toda, são apartamentos que aproveitam todos os espaços para colocarem beliches e alugam por noites a pessoal que viaja e não quer gastar muito dinheiro. Por curiosidade aqui em Lisboa ainda não vi nada do género, e quem sabe não seria um negócio interessante.

Acabei por arranjar sitio para ficar da maneira mais estranha que possa haver. Fiquei num quarto com seis camas e que nem sabia quem lá estava. Era Sexta-Feira Santa, e preparei para ir conhecer Roma, e finalizar o dia no Coliseu para ver a Via Sacra.
O Coliseu é um espanto. De fora, de dentro, de longe, de perto, era mesmo um monumento. Entrei lá dentro e arrepiei-me todo. Imaginei as atrocidades que lá se cometeram, imaginei o púlpito com os Césares lá sentadinhos, imaginei as catacumbas com os escravos e os animais, incrivel mesmo. Parece que fazia parte da história mundial e estava revivê-la novamente. Sem dúvida que marca qualquer um, a visita ao "Colosseum".