segunda-feira, dezembro 25, 2006

Foxy Viagens - Escandinávia (X)

... continuação de Escandinávia (IX) .

A caminho da esquadra, pensava comigo que mais me podia acontecer. Estava a ser uma viagem para esquecer, ou não... Na esquadra, cumprindo com as formalidades, e conversando com os policias acalmei-me, senti que agora as coisas não podiam piorar. De facto os tipos foram impecáveis e informaram-me como tinha de proceder e deram-me as ajudas possíveis. Entregaram um documento que me identificava como um indivíduo pertencente à comunidade europeia para poder voltar para Lisboa, e foram-me dizendo que dificilmente iria recuperar os meus documentos e que normalmente este tipo de situações não acontece tão frequentemente, mas que surgem casos de vez em quando. A seguir, depois de sair da esquadra tinha que avisar cá em Lisboa o que me aconteceu. É claro que para avisar à minha mãe que tinha sido assaltado num país estrangeiro e ficado sem os documentos, corria o risco de a fazer pensar que tinha levado uma grande surra e que estava todo partido e ... mais tudo do pior. Portanto o telefonema teve que ser o mais calmo possível, e parece-me que correu bem. Depois de mais esta questão resolvida, só tinha no bolso uns trocos que não davam para comer, nem hoje nem no dia seguinte. Ia passar fome até entrar no avião!! ... pensava eu. Acabei a tarde a procurar um bar-pub para ir ver a bola, pois se ainda se lembram, começava o Euro2004 e Portugal jogava com a Grécia. Cheguei a um já conhecido e procurei um lugar para me sentar. Nessa altura a empregada pergunta-me o que quero ... bom acabei-lhe por contar a minha história desse dia e no fim perguntei-lhe se podia ficar a ver a bola. Ela possivelmente achou que não valia a pena contar uma história tão grande para só ver a bola, ou pensou "coitadinho" ... e então ofereceu-me uma bebida e fiquei a ver o jogo no bar. É claro que neste dia que estava a correr tudo mal, o jogo também tinha de correr também mal ... Portugal acabava de perder com os gregos. Depois do jogo, e como estava combinado, encontrei-me com a minha irmã. Obviamente ela já sabia da história, porque estas noticias correm depressa e lá tive que contar a história toda com os pormenores todos, o que para ela era como se lhe tivessem a contar uma comédia. Acabamos por jantar num restaurante (com ela a pagar, claro) e a visitar o local do "crime".

"Excluído da lista de passageiros"

No dia seguinte, voltava eu para Lisboa. Desta vez, em vez de fazer escala em Madrid, faria escala em Barcelona e tinha de esperar pouco tempo até apanhar o avião para Lisboa. Saío do Sleep-In-Heaven, cedo para ir nas calmas para o aeroporto e revejo-me a percorrer as ruas de Copenhaga novamente, uma última vez e a lembrar-me de tudo o que me tinha acontecido nesta viagem. Foi de facto uma viagem inesquecível em todos os níveis. Gostei muito de conhecer este país e este tipo de cultura e sociabilidade. As pessoas são diferentes de nós, são pessoas com um nível de vida bastante mais organizado e que muito prezo. Demonstram que não vivem só focados no trabalho, e era frequente ver depois das 17h os locais públicos a encherem-se, para todos se divertirem e durante toda a semana, e no entanto são dos países mais produtivos a nível europeu. Gostava de estar lá uns tempos.
Chegado ao aeroporto, fui tratar de fazer o check-in. Entreguei o bilhete, e expliquei o que me tinha acontecido, apresentando o documento que me deram na policia. Eles lá fizeram as caras feias que todos conhecemos e acabaram por aceitar a situação. Pensei eu, bem até está a correr bem, pudera com tantos azares não podia correr mais nada mal. Puro engano. Como sabem quando os azares vêm, nunca vêm só ... ou seja vêm todos ao mesmo tempo. O tipo que fazia o meu check-in acabava de me informar que o meu nome não constava da lista de passageiros. Aqui já não sabia se me ria, se chorava, se gritava ou se atirava-me para o chão a rebolar. Voltei novamente a apresentar-lhe o bilhete de avião e a dizer que tinha de voltar para Lisboa nesse dia. E ele lá foi falar com a sua supervisão e passado 30 minutos dos mais angustiantes que já tive em toda a minha vida, ele chegou-me com a noticia que conseguiram arranjar um lugar no avião. É nem que fosse no porão eu vinha para Lisboa nesse dia. Depois de mais um problema resolvido, esperei até ser a hora de entrar para o avião. Para evitar mais qualquer problema, avanço para ser dos primeiros a entrar no avião. Na altura que apresento o bilhete a hospedeira, muito calmamente e simpaticamente diz-me para esperar ao seu lado até que ela me chamasse. Esperei, esperei, esperei ... e quando todos os passageiros entraram no avião ela chama-me ... para entrar. Era desta que, se eu não embarcasse apareceria no telejornal como o tipo que criou um pânico no aeroporto de Copenhaga. Acabei por me sentar num lugar na última fila do avião e todo encolhido porque o lugar, pequeno como tudo, não era usual ser usado por mais ninguém.
Matei a fome e cheguei a Barcelona. Lembro-me perfeitamente do temporal que nesse dia abatia sobre a cidade. Era lindo ver Barcelona do ar a ser fustigada por um temporal. Bom nem tudo era lindo, porque estar um avião sentado num lugar apertado e prestes a aterrar naquele momento não era lá muito agradável. Mas correu tudo bem. Aterragem perfeita e a bela Barcelona que eu punha os pés pela primeira vez, apesar de ser só no aeroporto já ficava entusiasmado para voltar cá um dia. É este o mote para a próxima viagem, Barcelona.
Aqui tinha de fazer novamente o check-in. A história de Copenhaga acontecia de novo. Lá me diziam que não fazia parte da lista de passageiros, mas que conseguiam resolver o assunto. Aqui ainda pensei que o documento que trazia podia complicar as coisas porque, só me apercebi nesta altura que ele estava todo escrito em Dinamarquês e não em Inglês como devia ser o mais óbvio, e sabendo como são os espanhóis, muito nacionalistas e pouco dados a terem contacto com outra lingua pensava que se não me perguntassem não o mostrava. Acabei por não o mostrar. Tive novamente a sorte de não haver problemas por não estar na lista de passageiros. A entrada para o avião foi um Dejá Vu (NOTA: ... o próximo filme a ver esta semana!!!) do que se passou em Copenhaga. A hospedeira a pedir para esperar e eu a ver os passageiros a entrarem no avião. Por último entrei eu, mas desta vez foi para a cabine de 1º classe. Eu um tipo que acabava umas férias com todos os azares possíveis, com situações bastantes desagradáveis, com uma barba de 8 dias que mais parecia um drogado, chegava a lisboa no avião em primeira classe, e com todas as mordomias.
Era o terminar em grande desta grande viagem, que tive o prazer de contar. Talvez tivessem ficado algumas coisas para contar, mas do que me lembro-me e foi muito, do que se passou em Junho 2004 está tudo aqui. Quero dizer que com esta viagem a minha vontade de viajar tornou-se ainda maior. Sinto uma enorme vontade de correr este mundo e partilhar a mesma vontade. Infelizmente há sonhos mais dificeis de concretizar, e outros que não dependem só de mim.



No dia seguinte a minha irmã visitou a loja do alçapão. Imagino o seguinte diálogo:
N. - (a minha irmã a olhar para o buraco)
Empregada gira - Once, a guy fall down this hole.
N. - Oh... yes i know.
Eg. - Do you??!?!!
N. - Sure .. he is my brother!
Eg. - !!!!!!!