continuação de (
Itália III)
Hoje, dia 7 de Abril, à cinco anos atrás, neste mesmo dia encontrava uma grande paixão.
Ora bem, desde que esta viagem começou, "ontem" dia 6 de Abril, e em menos de 24horas, tinha estado no Porto, em Lisboa, em Roma e terminava em Florença (Firenze em italiano). Nunca na vida coseguiria imaginar uma situação destas, e com várias peripécias a acompanhar-me.
Passavam das 3h da manhã, acabado de chegar a Florença, numa noite chuvosa (embora em menor quantidade que em Roma), encharcado até aos ossos, sem destino, cansado e sem sitio para descansar. Hipótese numero um: Dormir na Stazione S. Maria Novella (estação dos combóios). Descartada ... não estava com vontade de correr mais riscos. A segunda hipótese, ir à procura de sitio para ficar. Resolvi tentar esta. Saí e fui à procura, sem mapas ou outras informações sobre onde procurar alguma coisa. Saí da estação, à minha frente havia uma praceta enorme(Piazza della Stazione). Num dos cantos da praceta havia um aglomerado de jovens. Passei por lá e descobri que era um bar, estava a fechar e acho que as coisas não deviam estar a correr lá muito bem para aquele sitio. Passei de fininho, sem deixar de deitar o olho ao que se passava lá para dentro. Dei a volta ao quarteirão e não encontrei nada. Passei para o outro quarteirão e descobri, um hotel. Entrei e perguntei se havia quartos disponíveis. Resposta afirmativa do empregado, seguido do preço por noite. Um valor exorbitante. Raios. Resolvi agradecer e ir procurar outro sitio, mas assim que saí e dei dois passos, voltei para trás e que se lixe, quero descansar, secar-me e dormir. Era só mesmo por uma noite, depois no outro dia resolvia-se. E lá fiquei nesse hotel.
Acordo no dia seguinte, com um sol brilhante, e os seus raios a incidirem-me no quarto pela fresta da janela que tinha ficado entreaberta. Levanto-me e abro a janela, que espanto .... um dia brilhante, de céu azul e à minha frente a excelentíssima cúpula do Duomo Santa Maria del Fiore. Que maravilha. Foi assim que comecei a adorar Florença.
Efectuei o checkout e fui à procura de outro sitio para ficar e só depois é que ia explorar a cidade. Encontrei rapidamente um sitio para ficar, numa residencial barata, bem acolhedora e bem situada. O empregado, um velho Somalês, Gassim de seu nome. Fiz logo uma boa amizade, aonde ajudou a fazer o meu roteiro turístico para a minha estadia. À saída, cruzo-me com uma morena, linda de morrer, com os cabelos encaracolados e descaídos pelas costas quase até à cintura, olhos escuros e profundos. Parei para apreciar .... ela passou eu fiquei embasbacado. Vira-se o Gassim, e diz "É a minha neta, vai para a Universidade". Eu nem sabia aonde me meter (acho que deveria ter ido até à universidade). Infelizmente não a encontrei mais.
Florença, é uma cidade linda. Plana, fácil de andar e encontrar sitios bestiais para sermos invadidos pela cultura que emana por aqueles diversos edíficios, brilhantemente construídos pelos arquitectos desta cidade. Contemplei quase tudo, apreciei a arte permanente em que vive a cidade, interagi com os fiorentinos que são pessoas bastante afáveis, simpáticas e apaixonadas pela sua própria cidade. Entre elas, um vendedor ambulante que descobriu que eu era português, e veio logo falar comigo por causa do Rui Costa, que naquela altura jogava na fiorentina e era um ídolo local. Foi uma conversa estranha, ele em Italiano eu, que não o conseguia acompanhar, falava em Português. Acho que estava a dar resultado. Nesse fim de semana jogava-se um jogo importante (Fiorentina-Roma) e as pessoas só falavam dessa partida do Calcio.
Fui descobrindo o Duomo Santa Maria del Fiore e a sua arquitectura gótica, com uma ornamentação divinal. Perto dali, estava o Bargello, mais ao lado o "Palazzo Vecchio" com várias esculturas a rodeá-lo, impressionante olhar para a escultura de Pégasus a segurar a cabeça de Medusa. À frente, seguindo pela praça, encontrava-mos a Galeria Uffizi. Tanta eram as pessoas a procurarem entrada que nem me atrevi. Segui até à linda Ponte Vecchia aonde antigamente (séc. XVII, XVIII) se efectuava o comércio dos barcos que chegavam a Florença pelo rio Arno, e dirigi-me até ao Palazzo Pitti. Ali ao lado a Piazza Michelangelo, aonde tirei uma sequência de fotos da cidade de Florença. Passei também pela biblioteca aonde me lembrei da cena do enforcamento do detective no filme de Hannibal, a sequela do Hannibal Lecter. Entre outras coisas interessantes, destaco a capela Medici, a casa de Dante (metia medo fazer a entrada naquelas quatro paredes e escuras), a igreja de Santa Croce, e as praças que compõem esta cidade.
Foram várias as vezes que parei e olhei. Revivi, reflecti, fotografei, e dei por mim a prometer um dia voltar, com mais alguém e partilhar tamanha beleza. Fiquei em Florença 3 dias e 4 noites. Para quem queria só ficar no máximo 2 dias. Mas não saí de Florença sem provar a sua bela gastronomia. Um dos pratos que provei foi um esparguete à bolonhesa. Mais tarde foi-me explicado uma curiosidade que deveria saber sobre o "bolognesa".
Aliás é preciso algum cuidado com este termo em Itália ....